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Saltar do prato para o avião

 

Para quem vem de fora, o bairrismo entre as várias ilhas faz pouco sentido. Pior ainda, trava a divulgação e a promoção do que por cá se faz de melhor. Somos ilhas tão pequenas que só juntas é que temos hipóteses de marcar uma presença a nível nacional e mundial.

Há uns dias, empresários luso-canadianos chegaram ao Grupo Central com um sentido de missão. Visitaram empresas e cooperativas no Faial, no Pico, em São Jorge, na Terceira e em São Miguel durante uma semana. Não interessou onde as empresas estão radicadas mas sim quais os produtos que poderiam ser exportados e de que forma.

Nos Açores, trata-se quase sempre de empresas familiares que trabalham segundo métodos muitas vezes ainda artesanais com capacidades de produção bastante limitadas. O resultado são produtos de alta qualidade, fabricados com carinho e atenção. Por exemplo, não é por acaso que a região já conta com duas qualidades de queijo DOP – de Denominação de Origem Protegida - tal como carne IGP - de Indicação Geográfica Protegida - oriunda de várias ilhas do arquipélago.

Já se sabe que as Comunidades gostam dos produtos da terra e é precisamente este apetite para o que vem dos Açores que faz dos nossos emigrantes os melhores embaixadores da região. Integrados na vida sócio-cultural dos países de acolhimento desde anos, promovem os sabores açorianos com naturalidade, sinceridade e entusiasmo.

É mesmo através dos empresários nas Comunidades que os Açores têm agora a oportunidade de aproximar-se dos mercados estrangeiros e de lá colocar as suas riquezas culinárias como produtos gourmet.

Para chegar lá, é preciso continuar com o intercâmbio de conhecimento entre os dois lados do Atlântico e é preciso marketing a sério porque ninguém vai comprar um queijo que custa 18 dólares sem prová-lo - promoção tem que ser vista como investimento e não como despesa.

Mas quem prova o queijo com doce de figo olhando para folhetos ou posters de uma paisagem deslumbrante até é capaz de gastar os 18 dólares e de ficar curioso sobre este destino delicioso que produz tantas coisas saborosas. Com promoção abrangente do destino Açores, englobando gastronómia e natureza intocada, será que o consumidor estrangeiro pode saltar do prato para o avião?

Afinal, parece que há verdades intemporais: "Para chegar ao coração de um homem, é preciso passar por seu estômago". (quazorean@gmail.com)

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